3 de junho de 2011

Carta ao Papai Noel

Poesia de Graciette Salmon

 

Papai Noel:

Eu não fiquei zangada.

Fiquei triste

porque tu não me ouviste

ou compreendeste mal o meu pedido.

Talvez estivesses

demais atarefado

com os rogos e preces

que te fazia tanta gente,

e por isso, sem mesmo ter notado,

tu me deste um presente

a outra destinado.

Ou foi esquecimento?

e no momento

tão esperado da distribuição,

já não sabendo o que eu queria,

deixaste qualquer coisa sem valia,

apenas com a intenção

de não ficar vazia a minha mão?

Papai Noel:

não te condeno e não te recrimino.

Deixo transparece mágoa e tristeza,

mas franqueza,

eu não estou zangada.

Estou desiludida – é natural,

e já não creio em teu poder divino.

Venho, pois, avisar-te, bem sincera,

que não mais ficarei à tua espera

nas noites de Natal.

Eu queria

- e isso o que pedi com muito ardor –

o ouro precioso e fino,

o ouro genuíno

de um grande e puro amor,

mas trouxeste um amor de fantasia,

um amor de latão,

que andou rolando,

passando

de um a outro coração.

Assim, portanto, o teu presente

aqui te mando em devolução.

Há-de querê-lo, certo, muita gente,

mas eu, Papai Noel velhinho e amigo,

- não te zangues comigo –

não quero nada de segunda mão.

mulher esperando na praia

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