Poesia de Graciette Salmon
Papai Noel:
Eu não fiquei zangada.
Fiquei triste
porque tu não me ouviste
ou compreendeste mal o meu pedido.
Talvez estivesses
demais atarefado
com os rogos e preces
que te fazia tanta gente,
e por isso, sem mesmo ter notado,
tu me deste um presente
a outra destinado.
Ou foi esquecimento?
e no momento
tão esperado da distribuição,
já não sabendo o que eu queria,
deixaste qualquer coisa sem valia,
apenas com a intenção
de não ficar vazia a minha mão?
Papai Noel:
não te condeno e não te recrimino.
Deixo transparece mágoa e tristeza,
mas franqueza,
eu não estou zangada.
Estou desiludida – é natural,
e já não creio em teu poder divino.
Venho, pois, avisar-te, bem sincera,
que não mais ficarei à tua espera
nas noites de Natal.
Eu queria
- e isso o que pedi com muito ardor –
o ouro precioso e fino,
o ouro genuíno
de um grande e puro amor,
mas trouxeste um amor de fantasia,
um amor de latão,
que andou rolando,
passando
de um a outro coração.
Assim, portanto, o teu presente
aqui te mando em devolução.
Há-de querê-lo, certo, muita gente,
mas eu, Papai Noel velhinho e amigo,
- não te zangues comigo –
não quero nada de segunda mão.
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